Como conciliar a vida pessoal e profissional em teletrabalho

25/07/2022 16h36 - Atualizado em 25/07/22 16h36

A difícil conciliação do tempo pessoal e profissional durante o teletrabalho foi o tema do segundo encontro do Ciclo de Palestras “Teletrabalho em Pauta”, promovido de forma on-line pelo Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais – TJMMG na sexta-feira, 22. O tema foi abordado pelo professor Rodrigo Silva Pinto de Andrade, referência em gestão, produtividade e negociação para gestores do serviço público, e um entusiasta do tema.

“Esse tema do teletrabalho é uma das minhas grandes paixões, porque ele traz um poder muito grande ao indivíduo. O teletrabalho é o segundo passo da flexibilidade de jornada, que já é uma forma de olhar para o servidor e tirar o melhor de cada um. O teletrabalho coloca isso num segundo nível, e você pode escolher não só o horário, como o local, e você vai criar as circunstâncias. Qual o problema disso? Se você tem o controle, também tem a responsabilidade de fazer funcionar, então às vezes é mais cômodo a gente seguir um esquema pré-definido, num ambiente de trabalho, em um determinado horário, fazendo da sua forma, do que ter a liberdade de escolher como você vai trabalhar, em que horário, em que momento, de que forma”, introduziu o professor. “Não tem mais a divisão clara entre o momento em que estou no trabalho e em que estou em casa. É muito fácil se perder, seja para um lado, seja para o outro: exagerar no trabalho e deixar a vida pessoal de lado, ou de deixar de cumprir com as responsabilidades do trabalho, prevalecendo a vida privada”, prosseguiu.

Trabalhando com o tema produtividade há mais de dez anos, o professor explica que há três fatores importantes como ponto de partida para se entender o assunto: priorização, organização horizontal e foco, ou, em outras palavras, planejamento, organização e dedicação. Priorização, segundo ele, é fazer “escolhas com critérios racionais”, definindo, entre outros aspectos, aquilo que tem mais importância, urgência ou tendência. “É uma espécie de planejamento. É preciso saber o que vai ser feito para não cair na armadilha de achar que consegue fazer tudo”, alertou. Para ele, tempo é dinheiro, no sentido que ambos são recursos escassos e regidos praticamente pelas mesmas regras: “se eu gasto dinheiro em algo, eu necessariamente não estou gastando esse dinheiro em outra coisa; se eu gasto tempo com alguma coisa, necessariamente estou escolhendo não fazer outra coisa, então é preciso saber escolher ativamente as atividades que te devolvem mais valor para o mesmo custo de tempo, porque o custo de tempo é fixo, mas o valor você pode fazer”, orientou.

Seguindo por esta trilha, organização horizontal é ter um calendário realista. “Quando a gente fala em planejamento, vai ouvir falar muito do planejamento vertical, que é quando você pega um projeto e vai a fundo nele, e para isso existem várias técnicas. Às vezes você tem um planejamento vertical lindo e ele não funciona, porque tem outros planos que estão concorrendo com ele. Quando a gente fala de planejamento horizontal é pegar os vários planejamentos verticais e colocar no calendário de forma realista para que eles não se choquem”, detalhou.

Uma das ferramentas para isso está na organização de agendas mesclando os compromissos pessoais e profissionais de forma a acompanhar o equilíbrio entre elas. “O tempo está sempre cheio, a diferença é se você escolheu a atividade que está ali ou se você deixou ao acaso e o destino preencheu. Porque não existe vácuo no tempo. Se você não escolheu o que fazer com o seu tempo, você deixou ao acaso, e a ideia é você tomar o protagonismo, porque às vezes o acaso não está alinhado com seus objetivos”, ensinou. “Este é o lado da responsabilidade no teletrabalho: você ganha bastante liberdade de escolher seu momento de trabalho, mas ganha também bastante responsabilidade de arcar com aquilo… Quanto mais controle eu tenho, mais liberdade”, ressaltou.

É neste ponto que entra o foco, mirando na execução curta e intensa. “Não basta eu escolher e organizar, eu preciso me dedicar para aquilo, preciso executar. Às vezes é muito melhor você se dedicar de forma curta e intensa, do que ficar 5h, 6h, 7h disperso, porque o resultado lá no final é muito mais definido não pelo número de horas que você gastou, mas pela entrega que você fez”, pontuou, citando aplicativos de controle de tempo e de bloqueio de distrações para ajudar neste processo.

Para criar uma harmonia entre planejamento, organização e dedicação é preciso, segundo o professor, criar hábitos compatíveis com os resultados esperados, ressaltando que não basta ter hábitos, é preciso ter controle e ajustes, porque “a sua função é construir hábitos, e os hábitos vai construir os resultados”.

“Quando falo em produtividade, penso em conseguir harmonizar as várias áreas da nossa vida, dos nossos planos, para ter fluência entre elas, a ponto de chegar nesse momento de colher os frutos dos nossos hábitos. Mais do que um produto pronto, é saber navegar em qualquer mar para eu atingir meus resultados, conseguir ter flexibilidade para organizar, reorganizar, rever, traçar planejamentos e ter conciliação entre as duas coisas. Porque, afinal, a gente não é uma coisa só, temos múltiplos interesses e precisamos alinhá-los, e uma forma disso é entender o que se quer”, destacou o palestrante.

Nesta linha, Rodrigo Pinto diz que é possível colher bons frutos. Sabendo distinguir o mais importante, por exemplo, é possível tomar decisões com critérios mais objetivos, viabilizando a execução, reduzindo a distância entre o falar e o fazer, e engajando-se plenamente. “Engajar-se plenamente é me livrar dos fantasmas do passado, da ansiedade do futuro, e me dedicar para o presente, ciente de que estou fazendo o que deve ser feito, e ciente de que não estou fazendo o que não precisa ser feito”, disse.

Para o desembargador Sócrates Edgard dos Anjos, corregedor do TJMMG e presidente da Comissão de Teletrabalho do órgão, a palestra foi muito didática e clara, permitindo rever alguns direcionamentos. “Vivenciamos ainda no período da pandemia que o home office não é tão simples assim, tanto que temos servidores que não querem participar, mesmo considerando os ganhos que têm, como economia de tempo e de gastos, o que em tese poderia aumentar a produtividade, mas temos que considerar outras dificuldades, e uma delas é a administração do tempo tendo em vista a atividade profissional e particular, adequação do tempo, do espaço reservado ao trabalho, e principalmente o foco”, destacou o desembargador.

“Suas orientações nos ajudarão nos planos de teletrabalho que nossos gestores fazem a cada ciclo de renovação do teletrabalhador, em busca de eficiência nessa nova realidade de trabalho, sempre com a preocupação de manter este novo regime, que é uma situação que não tem volta, sem provocar a perda de saúde e a produtividade dos nossos servidores. E essas orientações nos ajudarão na adoção de políticas, nós estamos ainda formando a legislação a respeito”, completou.

Ciclo de Palestras – Iniciado no último dia 15 de julho abordando o tema “Saúde Mental e Teletrabalho”, com a juíza do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, Mirella Cahú, o Ciclo de Palestras “Teletrabalho em Pauta” se encerrará no próximo dia 29, com a participação do professor Alex Cavalcante Alves, superintendente de Recursos Humanos da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel, proferindo a palestra “Os desafios do futuro do trabalho no setor público: o  teletrabalho no modelo híbrido”, das 14h às 16h.

Faça sua inscrição para a palestra aqui:

https://www.sympla.com.br/evento-online/os-desafios-do-futuro-do-trabalho-no-setor-publico-o-teletrabalho-no-modelo-hibrido/1644146

Assista à palestra “Conciliando vida pessoal e profissional em teletrabalho” na íntegra aqui: https://www.youtube.com/watch?v=RPs3dNpEumE

Assista à palestra “Saúde Mental e Teletrabalho” na íntegra aqui: https://www.youtube.com/watch?v=I9izmHF7H84

Texto: Secom/TJMMG