TJMG se despede de desembargador

13/07/2012 12h32 - Atualizado em 13/07/12 12h32

des3“Não se deve ficar triste com uma despedida. As despedidas são necessárias para os reencontros. E um reencontro – depois de um momento ou de uma vida inteira – é algo inevitável se somos amigos de verdade.” Com essa frase de George Eliot, o desembargador Antoninho Vieira de Brito, em uma sessão pautada pela emoção, despediu-se dos seus colegas e dos servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e, em especial, dos integrantes da 8ª Câmara Cível. O magistrado, que se aposenta no próximo dia 23, participou na tarde de ontem, 12 de julho, de sua última sessão de julgamento. Na oportunidade, ele agradeceu, sensibilizado, as palavras de carinho dos colegas e servidores que o homenagearam.

A desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto foi incumbida pelos outros integrantes da 8ª Câmara Cível para falar em nome de todos e agradecer o colega, que se despede, por sua dedicação e companheirismo. A magistrada lembrou que, quando o desembargador Vieira de Brito passou a integrar a 3ª Câmara Cível do extinto Tribunal de Alçada, foi ela também quem o saudou, dando-lhe boas vindas em nome dos demais integrantes daquela câmara. Segundo ela, hoje, a situação se repetiu, porém em circunstâncias diferentes. Naquela época, a magistrada dirigiu ao colega palavras de acolhimento e hoje ela profere palavras de agradecimento.

Teresa Cristina da Cunha Peixoto lembrou um pouco a trajetória do magistrado que passou pelas comarcas de Rio Verde, Pedra Azul, Taiobeiras, Uberaba, Coronel Fabriciano e Belo Horizonte, onde foi juiz da Vara de Precatórias Criminais, presidente do Tribunal do Júri e, posteriormente, promovido para o extinto Tribunal de Alçada. De acordo com a magistrada, o desembargador Vieira de Brito, no exercício da árdua missão de julgar, sempre se pautou pela sensatez, pela serenidade e pelo equilíbrio. “Cabe a nós agradecer pelo convívio ameno, pela cordialidade das ponderações, pela lealdade para com cada um de seus colegas e pela harmonia que construímos ao longo dos anos”, disse.

Outra magistrada que, embora ausente, fez questão de prestar sua homenagem a Vieira de Brito, foi a juíza Maria Beatriz Fonseca da Costa Biasutti, que trabalhou com o desembargador como estagiária no I Tribunal do Júri da capital e de quem foi assessora por anos no Tribunal de Alçada. Lúcia Mara Burval Grossi, assessora do desembargador no TJMG, leu mensagem enviada por ela.

Depois de descrever na carta alguns fatos e falar sobre as importantes lições que teve com o magistrado, a juíza disse da dificuldade de não se alongar quando o sentimento insiste em fazer constar tantos fatos, momentos e acontecimentos que teve o privilégio de dividir com o desembargador. “Aquilo que só uma amizade plena de conteúdo provoca: a sensação de que todos os momentos são importantes e valiosos”, concluiu.

O desembargador Vieira de Brito agradeceu as palavras de homenagem e disse que, após 41 anos dedicados ao trabalho, a proximidade da aposentadoria remete inexoravelmente a reflexões sobre os papéis exercidos, os valores pessoais, as instituições e, acima de tudo, sobre a Justiça. Ele contou que quando ingressou na magistratura, após um concorrido e difícil concurso público, em que apenas nove candidatos foram aprovados, ele supunha ter um grande conhecimento do Direito. E que, hoje, ao se aposentar, considera que pouco ou quase nada sabe, “pois o julgamento dos atos alheios é uma das mais difíceis tarefas humanas”.

O desembargador disse que, como magistrado, ele desfez muitas certezas e firmou outras tantas. Ele ressaltou que o juiz não deve curvar-se às doutrinas de conveniências ou à jurisprudência subserviente, mas revestir-se de coragem para ser justo. Para Antoninho Vieira de Brito, “o juiz da atualidade deve buscar o Direito na realidade, atento aos acontecimentos de sua época, sendo um intérprete na procura da compreensão da lei na plenitude de seus fins sociais, com sensibilidade para não se tornar um autômato. E concluiu dizendo que quem ocupa postos no Judiciário tem a angustiante tarefa de viabilizar a construção de uma sociedade voltada para a fraternidade, a solidariedade e, sobretudo, a justiça social.

A 8ª Câmara Cível, presidida pelo desembargador Edgard Penna Amorim, é composta também pelos desembargadores Elpídio Donizetti e Bitencourt Marcondes.

 

13/07/2012

 

 

Fonte: TJMG

 

 

Ascom – TJMMG

 

 

Foto: Renata Caldeira