Resiliência e superação: psicóloga provoca reflexões sobre o medo de errar
O medo de errar é uma emoção universal que afeta pessoas de todas as idades, origens e profissões, uma barreira psicológica que muitas vezes impede o progresso pessoal e profissional do indivíduo. Intrinsecamente ligada ao perfeccionismo excessivo, essa condição pode ter origens na infância de cada indivíduo, ou se desenvolver em ambientes de trabalho.
Em palestra ministrada no Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais na terça-feira, 12, a professora doutora em neurociências e mestre em psicologia do desenvolvimento humano pela Universidade Federal de Minas Gerais, Marcela Mansur Alves, explicou que todo mundo tem medo de errar e o que difere se o comportamento é nocivo ou não é a intensidade.
“O medo de errar faz parte da nossa humanidade compartilhada, aquilo que nós temos em comum enquanto seres humanos. Porém, um ponto importante é que nós temos diferentes níveis e intensidades. Somos diferentes na quantidade do medo de errar que nós temos. Então, não é se eu tenho ou não tenho medo de errar, mas o quanto eu tenho medo de errar”, ressaltou a especialista.
Entretanto, mesmo que seja um sentimento compartilhado e validado em sociedade, é necessário destacar que ninguém nasce com medo. “Desde pequeninos fomos ensinados que existe a dicotomia entre o certo e o errado e queremos nos aproximar do certo”, explicou a professora. “Às vezes os pais punem ou não dão atenção quando a criança erra, por exemplo, não validam o esforço que a pessoa teve. Eles simplesmente vão dar o afeto quando a pessoa se aproxima daquela expectativa”, completou.
O medo de errar e o perfeccionismo estão intrínsecos e aparecem em diversas áreas da vida, como aparência física, relações sociais, estudos e na área profissional. De acordo com a professora, em um ambiente de trabalho perfeccionista, onde o erro não é tolerado, os profissionais tendem a competir entre si, criando um ambiente conflituoso, o que contribui para a desmotivação do corpo funcional, além de comportamentos contraproducentes.
Marcela Mansur ainda explicou que não é simples se livrar da conduta perfeccionista, mas existem atitudes que podem ser colocadas em prática, individualmente ou em grupo, para a melhora desse comportamento quando excessivo. “O perfeccionista deve se expor mais, de preferência em situações seguras e com menor probabilidade de feedback negativo. Essas pessoas se expõem pouco, porque têm muito medo de errar. Então, a maneira de não errar é não se expor. É preciso desenvolver esse tipo de comportamento de exposição maior em situações que são seguras, em que a probabilidade de errar ou que o erro ali não tem muitas consequências”, explicou, ressaltando a importância de se buscar ajuda profissional quando necessário.
A palestra “O medo de errar: um olhar para os indivíduos e seus contextos” faz parte de uma iniciativa da Seção de Desenvolvimento de Pessoas da Diretoria Executiva de Recursos Humanos, com apoio da Escola Judicial Militar, a partir de uma demanda percebida pelos gestores de diversos setores do TJMMG diante de uma enquete que questionava quais eram as três principais dificuldades percebidas por eles em relação ao desempenho dos servidores de suas equipes, sendo que a alternativa referente à “insegurança ou medo de errar” foi a mais votada.
Texto: Larissa Figueiredo
Edição: Esperança Barros
Secom/TJMMG