Novembro Azul chega ao fim com muita informação compartilhada com servidores

30/11/2022 17h41 - Atualizado em 30/11/22 17h41

A cada sete minutos, um homem é diagnosticado com câncer de próstata. A cada 40 minutos, um homem morre devido a doença. Estudos mostram redução na mortalidade por câncer específica relacionada ao rastreamento e tratamento precoces, e exatamente buscando contribuir para a diminuição desses números, a campanha Novembro Azul chega ao fim com ampla participação de servidores e muita informação compartilhada no Tribunal de Justiça Militar do Estado de Minas Gerais.

O mês dedicado à preservação e combate ao câncer de próstata teve como ponto alto uma palestra sobre o tema, proferida de forma virtual no dia 21 deste mês pelo tenente Marcelo Péret Dias, médico urologista da Polícia Militar de Minas Gerais e dos hospitais Odilon Behrens e Vila da Serra, além de professor de Urologia da UNIBH. Ao público de servidores e colaboradores do TJMMG, ele explicou que a próstata é uma glândula do trato urinário masculino e tem a função de produzir algumas substâncias para tornar o sêmen mais fluido, como o PSA, glicoproteína que ajuda a dissolver o sêmen no colo do útero para que o espermatozoide progrida e a reprodução ocorra.

“O câncer de próstata é uma doença que é muito prevalente no homem. Depois do carcinoma não-melanoma de pele, é a doença mais prevalente, e a gente vive até um dualismo em relação ao rastreamento: existem instituições que preconizam que talvez não seja benefício fazer esse rastreamento, enquanto a Sociedade Brasileira de Urologia e várias sociedades internacionais já apoiam. E o porquê disso? Porque é uma doença até indolente num primeiro momento e os benefícios e riscos desse rastreamento têm que ser avaliados e individualizados”, explicou.

O PSA elevado pode ser sintoma de câncer de próstata, mas não só. “Um PSA elevado não é um diagnóstico imediato de câncer de próstata, existem outras condições que elevam o PSA. Cabe a nós, urologistas, fazer essa pesquisa”, enfatizou, exemplificando que próstatas mais volumosas e grandes terão PSA mais aumentado, assim como homens que andam de bicicleta por longos períodos também têm alteração e não significa que estejam doentes. Inclusive o médico frisou que o câncer de próstata é, via de regra, assintomático, enquanto que a hiperplasia de próstata, por exemplo, por causa da obstrução à passagem da urina, pode ocasionar dificuldade para começar a urinar, jato fraco, necessidade de força para a urina sair ou passar muito tempo urinando, sensação de que a urina não saiu toda ou vontade de urinar logo após ter urinado. Por causa da irritação na bexiga, pode causar urgência para urinar, aumento de frequência, vontade de urinar durante o sono e perda do controle da urina involuntariamente.

“Quando se fala em operar a próstata todo mundo pensa logo em câncer, mas existem diversas outras patologias que vão abranger essas glândulas. Existem vários tipos de abordagens cirúrgicas e medicamentosas para essas doenças benignas também”, detalhou.

Segundo o médico, “vigilância ativa é muito relevante hoje em dia, e o arsenal de tratamento também”. Por isso, é bom estar atento aos fatores de risco. Quem tem câncer de próstata na família aumenta de duas a três vezes a incidência. Pacientes negros têm mais chances de desenvolver a doença. O risco aumenta com a idade – 50% dos homens acometidos têm entre 51 e 60 anos, sendo que aos 80 anos este índice sobe para 90%. Já a obesidade causa tumores mais graves.

“Por isso é necessário individualizar aqueles que vão ter maior risco, observar como está evoluindo o PSA, e a partir do momento que faz o diagnóstico, definir se vale a pena tratar ou não”, disse o médico.

O problema é que o diagnóstico do câncer de próstata vem envolto em muita falta de informação e preconceito. E o exame de toque retal, se já não é mais a única forma de detectar a doença, ainda é necessário, afinal, como explicou o urologista, na parte posterior da próstata ocorrem 85% dos tumores. Além disso, 18% do diagnóstico com o exame físico de toque retal tem diagnóstico de PSA normal. “Daí a importância de fazer esse famigerado exame físico que todo mundo fica com receio. É natural, é um exame que incomoda realmente, mas que tem seu valor”, orientou.

Diante de um toque retal e/ou PSA alterado, o especialista diz que está indicada a ultrassonografia transretal de próstata com biópsia e a ressonância magnética de próstata multiparamétrica. “São exames mais confiáveis. A ressonância tem crescido muito para nos auxiliar neste tratamento e mostrar realmente a gravidade ou não da doença”, detalhou.

Entre os tratamentos há diversas possibilidades, desde cirurgia aberta, laparoscópica ou robótica; terapia hormonal; quimioterapia; radioterapia externa, braquiterapia (para casos muito particulares, trata-se de inserção de sementes radioativas que conseguiriam tratar esse tumor focalmente) e terapias focais.

A palestra “Novembro Azul” foi uma iniciativa da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável, da Comissão de Saúde, com realização do Serviço de Comunicação Institucional – Secom, e apoio da Escola Judicial Militar.

Assista à palestra AQUI.